A Universidade Estadual de Maringá (UEM) intensifica as ações de prevenção ao tabagismo, com foco também no cigarro eletrônico no ambiente escolar. A campanha envolve a capacitação de professores e agentes de saúde, além da produção de cartazes e da divulgação em redes sociais. As iniciativas são desenvolvidas pelo Museu Dinâmico Interdisciplinar (Mudi), dentro do Projeto Tabagismo.
Reconhecido nacionalmente por sua atuação na área da saúde, o Mudi é o único museu do Brasil que mantém um espaço permanente de combate ao tabagismo e agora direciona seus esforços também para os males causados pelo cigarro eletrônico. Essa atuação tem possibilitado parcerias com diversas entidades, como a estabelecida com a ACT Promoção da Saúde, ONG de destaque na defesa de políticas públicas voltadas ao controle do tabaco, à alimentação saudável, ao combate ao consumo abusivo de álcool e à promoção da atividade física.
Os riscos dessa nova forma de consumo de nicotina, que atinge principalmente os jovens, têm sido tema central em debates, como no 1º Simpósio de Capacitação sobre Cigarro Eletrônico, realizado em parceria com a 15ª Regional de Saúde e a Prefeitura de Maringá. Pesquisas indicam que usuários de cigarros eletrônicos podem absorver até seis vezes mais nicotina do que fumantes de cigarros convencionais, acelerando o surgimento de doenças graves.
O reitor da UEM, Leandro Vanalli, lembrou que a universidade atua de forma pioneira no combate ao tabagismo desde 1989, com iniciativas como a corrida “Pare de Fumar Correndo” e o programa permanente de apoio a quem deseja abandonar o cigarro. “Cuidar da vida é também construir conhecimento e estimular a reflexão, sobretudo entre jovens e crianças, sobre os malefícios do tabaco”, afirmou.
Para o professor Celso Conegero, coordenador do Mudi, o Brasil é referência mundial em políticas de controle do tabaco, mas enfrenta agora o desafio de lidar com os dispositivos eletrônicos. “Estamos capacitando profissionais da saúde e da educação para ampliar a conscientização sobre os malefícios do cigarro eletrônico, inclusive no ambiente escolar. A prevenção precisa chegar cedo, especialmente entre adolescentes”, destacou.
Novas ações
Em outro evento promovido pelo Mudi, o pediatra e pneumologista João Paulo Lotufo, da USP — especialista em prevenção ao uso de drogas entre crianças e adolescentes — alertou para a estratégia da indústria do tabaco em direcionar a publicidade ao público jovem. Conhecido pelo personagem educativo Doutor Bartô, o médico relatou já haver registros de mortes de adolescentes relacionadas ao uso de cigarros eletrônicos.
Integrada às ações da 15ª Regional de Saúde e da Secretaria Municipal de Saúde, a UEM segue consolidando programas de prevenção e oferecendo suporte a quem busca tratamento contra o vício. Com quase quatro décadas de trabalho, o projeto de combate ao tabagismo da instituição permanece ativo e inovador. Por meio do Mudi e de lideranças como o professor Celso Conegero, a universidade reafirma seu papel como referência regional e nacional na luta contra os impactos do tabaco — agora, diante do novo desafio representado pelo cigarro eletrônico.
Nas salas de aula
A psicóloga educacional do SENAC, Sabrina Leva, participou das capacitações promovidas pelo Mudi e levou as ações de prevenção ao tabagismo, com foco também no cigarro eletrônico, para o ambiente escolar.
“Eu me sinto muito privilegiada por estar perto da UEM, por ter um espaço como o Mudi e um parceiro como o professor Celso. O professor Celso já foi meu professor na graduação, então eu conheço um pouco do Projeto Tabagismo e do trabalho dele. É realmente um privilégio muito grande ter essa parceria com ele e com a UEM nessas ações”, afirmou.
Para Sabrina, o trabalho desenvolvido pela universidade é “muito bonito e muito necessário”, especialmente por proporcionar contato direto com os jovens. “Tem sido muito proveitoso para nós e eu já vejo, nós já vemos, resultados desse trabalho no sentido de diminuição de ocasiões em que, às vezes, os alunos eram vistos, principalmente com cigarro eletrônico. A gente percebe que isso diminuiu bastante.”
Ela conclui reforçando a relevância da parceria: “É muito bom poder contar com esse apoio. Eu acho que é um trabalho necessário e que precisamos investir cada vez mais.”
Palhaçaria
O projeto nas escolas conta com o apoio da Itaipu Binacional. O suporte financeiro é fundamental para ações que incluem a participação da Escola de Palhaço, grupo artístico formado em 2010, em Maringá, que atua com arte e ação social.
Alexandre Vinícius Xavier Penha, o Xande Palhaço, explica que a proposta é utilizar a arte da palhaçaria como meio de comunicação criativa, capaz de produzir comicidade e interação com o público, mas, acima de tudo, de dividir conhecimento e conscientizar sobre os riscos do uso de cigarros eletrônicos.
Segundo ele, a junção da palhaçaria com a conscientização em saúde tem como objetivo atingir principalmente o público adolescente, considerado mais vulnerável a esse tipo de consumo. “Através da arte da palhaçaria, a gente consegue acessá-los de uma maneira diferenciada, gerando imagens e conteúdos que podem contribuir para essa conscientização”, afirma.
O grupo já passou por várias escolas, não apenas em Maringá, mas também em cidades como Itambé e Floresta, em parceria com o Mudi, Itaipu e outras instituições. Os resultados, de acordo com Xande, têm sido positivos. Ele relata que diretores e professores demonstram grande preocupação com o crescimento do uso de cigarros eletrônicos, chegando a ouvir casos de crianças de apenas 11 anos já consumindo o produto.
“Esse é um perigo ainda maior, porque o cigarro eletrônico pode ser muito mais nocivo do que o convencional. Por isso, temos trabalhado nessa linha de conscientização, e tem sido uma experiência muito bacana”, conclui.
(Marcelo Bulgarelli/Comunicação UEM)