O Hospital Universitário (HUM) da Universidade Estadual de Maringá (UEM) completou, ontem(28), 37 anos de história, ensino, pesquisa e serviços ofertados à população de toda a 15ª Regional de Saúde do Paraná.
Fundado em 28 de outubro de 1988, com as atividades iniciadas em 20 de janeiro de 1989, o HUM é um órgão suplementar da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e um dos cinco hospitais-ensino do Governo do Estado do Paraná, responsáveis pela formação profissional e aprendizagem de centenas de milhares de graduandos, residentes e pós-graduandos da área da Saúde.
Em 37 anos de história, o maior hospital 100% SUS da Região passou constantemente por ampliações e conta, hoje, com 23.809,84 m² de área construída, 201 leitos e uma área de abrangência de atendimento que chega a 2 milhões de habitantes de 115 municípios, contando as cinco regionais que compõe a Macrorregional Noroeste do Paraná (11ª, 12ª, 13ª, 14ª e 15ª regionais).
Atendimento humanizado
O HUM tem apresentado um crescente número de atendimentos. No ano de 2024, foram 71 mil somente pelo Pronto Atendimento (PA), setor aberto diuturnamente e durante toda a semana. O PA do HUM conta com equipes especializadas em Traumato-Ortopedia, Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Pediatria e Ginecologia e Obstetrícia, além de contar com a retaguarda de profissionais nas áreas de Neurologia, Neurocirurgia Pediátrica, Cirurgia Pediátrica, Cirurgia Torácica e Vascular, além de Urologia e Oftalmologia. Somam-se a esses números mais de 13 mil internações e 5400 cirurgias, em muitas áreas, realizadas anualmente.
O Hospital também observou um crescimento no oferecimento de serviços de especialidades médicas, com consultas agendadas e 100% SUS. Atualmente, o HUM comporta 40 especialidades médicas, além de realizar mais de 24 mil consultas com especialistas anualmente e mais de 5 mil atendimentos fonoaudiológicos, nutricionais, reavaliações, perícias, entre outros.
A atual gestão da universidade tem buscado recursos para viabilizar o aumento do espaço físico, que vise atender ao crescimento identificado, através da retomada de obras paralisadas, a construção de outros espaços, e também, a modernização de equipamentos que possam proporcionar melhores condições de trabalho para os agentes de saúde e a todas as pessoas que buscam no HUM uma solução para suas necessidades.
Conquistas e avanços
Nesse sentido, o reitor da UEM, Leandro Vanalli, comemora esta data tão importante para a universidade. “Comemoramos esses 37 anos de uma história construída com dedicação e o propósito de atender as pessoas. O Hospital Universitário é quem promove a assistência pública de saúde em nossa região, e este aniversário é um momento de gratidão e, principalmente, de reafirmar o nosso compromisso com a melhoria contínua do atendimento que oferecemos a todos”, pontuou o reitor.
Segundo Vanalli, a gestão tem buscado recursos necessários para que o HUM não tenha mais nenhum ambiente com infraestrutura paralisada. “Todos os espaços precisam estar prontos para um atendimento de excelência, tal como o ensino que a UEM promove em todas as áreas do conhecimento. Entendemos que para a população ter o melhor atendimento, precisamos dar aos nossos agentes de saúde as melhores condições de trabalho”, acrescentou.
“Nossa missão de buscar recursos e viabilizar o crescimento resultou em avanços concretos como a expansão e reestruturação da infraestrutura. Com o apoio do Governo do Estado do Paraná, conseguimos injetar recursos para retomar obras cruciais, como a do Bloco Industrial, fundamental para dinamizar a logística e os serviços de apoio, como cozinha, lavanderia e farmácia”, completou o reitor.
Vanalli salientou que foi criado um Plano Diretor, visando à ampliação do Centro Cirúrgico – que aumentará de 5 para 11 salas – e a implantação do Centro de Reabilitação Física e Mental. “Essas ações trarão um salto na nossa capacidade de procedimentos de alta complexidade. Adicionalmente, a entrega da nova Central de Resíduos simboliza o nosso compromisso com a segurança sanitária, a sustentabilidade e a excelência operacional, garantindo mais proteção ao nosso corpo funcional e ao meio ambiente”.
O reitor também lembrou dos investimentos na modernização tecnológica para um diagnóstico mais rápido, com a inauguração da nova Sala de Ressonância Magnética. Segundo Vanalli, a nova aquisição amplia a capacidade de diagnóstico, reduz o tempo de espera da população, fortalecendo o papel do Hospital Universitário como centro de ensino e pesquisa de excelência.
A administração projeta mais investimentos. “Tem muito mais acontecendo. Nos próximos anos, poderemos demonstrar que a dedicação empenhada e as parcerias entre a Universidade, o Governo e a comunidade são a chave para o sucesso do nosso Hospital”, avaliou. Nas palavras de Vanalli, o HUM continuará crescendo para atender à macrorregião, sendo um “farol de esperança” e o local onde a saúde pública de qualidade se encontra com o ensino e a pesquisa. “Parabéns a todos que fazem e fizeram a história do nosso Hospital Universitário de Maringá. E que venham muitos mais anos de serviço e excelência!", disse o reitor.
De acordo com a superintendente do HUM, Cremilde Trindade Radovanovic, a ampliação na capacidade de atendimentos cresceu junto da estrutura física e da obtenção de novas tecnologias, cada vez mais importantes para o atendimento em Saúde. “A integração entre assistência, ensino e pesquisa reflete o empenho coletivo de profissionais, docentes, estudantes e gestores comprometidos com a excelência e a humanização do atendimento”, ressaltou a superintendente.
Cremilde avaliou que, como toda instituição de grande porte, o HUM oferece uma série de desafios de gestão, que exigem constantes adaptações e o enfrentamento de demandas crescentes no sistema público de saúde, que é vivo e se modifica constantemente.
O caráter de ensino do HUM, um de seus principais pilares, é avaliado por Cremilde, professora do Departamento de Enfermagem da UEM, como uma condição sine-qua-non para a instituição. “Aqui, os processos de ensino-aprendizagem e assistência acontecem juntos, são indissociáveis”, apontou.
"Cada paciente atendido e cada estudante em formação faz parte de uma mesma missão: oferecer um serviço público de excelência e, ao mesmo tempo, preparar pessoas capazes de transformar a saúde pública onde quer que atuem. É isso que faz do HUM um espaço único, vivo e essencial”, finalizou.
2 anos de investimentos e ampliação
Em 37 anos, o HUM foi ampliado e foram acrescidos muitos serviços para atendimento à população. O pequeno conjunto de prédios que, em 1988, abrigava o primeiro ambulatório, três enfermarias, os setores administrativos (Superintendência e diretorias, entre outros), cozinha e lavanderia foi se expandindo consideravelmente, até se tornar um complexo de mais de 20 mil m² de área.
Hoje, o setor onde tudo começou foi transformado no Ambulatório de Especialidades e recebeu espaços como enfermarias, Unidades de Terapia Intensiva (UTI) Adulto e Neonatal, Ginecologia e Obstetrícia, entre muitos outros serviços. Além disso, o HUM ganhou um prédio administrativo, com três andares, que permitiu ganho de espaço físico para alas assistenciais. A construção do “retro-hospital”, que compreende o Bloco Industrial do HUM, segue em andamento, para acomodar cozinha, lavanderia, engenharia clínica e a Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF). Com investimentos que ultrapassam R$14 milhões, o Bloco Industrial recebeu recursos da Secretaria Estadual de Saúde (SESA/PR).
Os ganhos se acumulam de forma acelerada nos últimos dois anos, com valores que passam os R$90 milhões em investimentos totais em todo o Complexo de Saúde. Em 2025, o HUM ganhou um aparelho de ressonância magnética, com investimentos totais de R$17 milhões, tanto em equipamentos quanto na Sala de Ressonância Magnética, a primeira em hospital público na região. Somam-se ao equipamento a aquisição de um tomógrafo, no valor de R$700 mil, para a Odontologia.
Em relação à infraestrutura, a Universidade Estadual de Maringá finalizou a Central de Resíduos de Serviços da Saúde (Bloco S37), no valor de R$1 milhão, uma obra essencial para o descarte correto de resíduos hospitalares, recicláveis e outros materiais que podem oferecer riscos à população se descartados incorretamente.
O Complexo de Saúde também vai receber o Bloco S40, que vai abrigar o Centro de Reabilitação Física e Mental. O espaço é destinado para ofertar serviços de reabilitação física e mental a pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA), além de uma academia ao ar livre. Os investimentos, do Ministério da Saúde, do Governo Federal, beiram os R$2.5 milhões.
Para os próximos anos, um ambicioso projeto de construção da Nova Maternidade está em andamento. Com cinco andares, o espaço está em fase de finalização de projeto e deve receber os leitos da Maternidade atual, que estão no térreo do HUM, com ampliação, dobrando a capacidade de atendimento do Hospital, já é referência em gestação de alto risco em toda a região. Os investimentos totais na obra são de R$25 milhões.
O setor de segurança foi reforçado, com foco no aumento de câmeras por todo o Complexo de Saúde e na construção de uma sala de monitoramento. O Hospital recebeu 457 novas câmeras de vigilância, espalhadas por praticamente todos os setores, trazendo mais segurança para professores, servidores, alunos, pacientes e familiares de pacientes atendidos.
Um novo Centro Cirúrgico (Bloco CCO) para a instituição também está em execução, com investimentos que ultrapassam R$13 milhões. O espaço recebeu recursos da Secretaria de Estado da Saúde (SESA/PR). Somam-se aos investimentos em infraestrutura a aquisição de computadores, equipamentos e veículos, poltronas, assim como a contratação de um novo software de uso hospitalar, orçado em quase R$1 milhão.
"Hospital Universitário, boa noite"
É com essa saudação que a telefonista do HUM Cioni Maria Ribeiro Peres inicia suas ligações há 36 anos. Escalada para os turnos da noite, Cioni é uma das mais antigas funcionárias do Hospital Universitário. No começo, entrou na limpeza, ainda no início de 1989, poucos meses após a inauguração do HUM. Depois, foi prestando concursos, até ser chamada para o setor de telefonia do Hospital.
Na época, tudo era muito diferente, ressaltou a telefonista. “O hospital era muito menor, tinha poucos médicos. Quando chegava um caso importante, todos se reuniam para discutir o caso”, relembrou. A funcionária ficava onde hoje funcionam o Banco de Leite Humano (BLH) e as enfermarias da assistência em saúde, no térreo. Também era por lá que entravam os servidores do Hospital.
Os anos foram passando, outros profissionais foram chegando e o setor, expandindo. Cioni viu a chegada de mais quatro telefonistas, que a acompanham até hoje. No ano de 1990, o telefone fixo era uma grande ferramenta de comunicação: poucos tinham aparelhos celular no Brasil e a internet ainda era um sonho distante. “O número 192, na época, ‘caía’ aqui no Hospital. Depois ele começou a ser utilizado pelo SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência)”, relatou. A maior procura, afirmou, é de familiares de pacientes procurando por informações.
Cioni também viu outras pessoas de sua família colaborarem com a construção do Hospital e também da UEM. “Sou casada e tenho duas filhas. A caçula terminou Medicina, outro neto também entrou em Medicina, enquanto outra neta entrou em Odontologia”, ressaltou, orgulhosa. “Tenho cunhado trabalhando aqui, sobrinhos fazendo residência…”, enumerou.
Com mais da metade de sua vida dedicada ao HUM - começou no hospital aos 33 anos de idade -, ela já ouviu mais de uma vez a famosa pergunta sobre aposentadoria. Mas, diz que não se concentra nisso no momento. “As pessoas sempre perguntam se eu vou aposentar. Mas, poxa, é como perder um laço. É como se eu perdesse a direção da minha própria casa. Enquanto eu puder me doar, vou me doando.”
Ensino e pesquisa juntos
Muito além do atendimento à população, o Hospital Universitário também é espaço para aprendizado contínuo, desde sua fundação. Se no início foi criado para servir de suporte ao recém-habilitado curso de Medicina da UEM, hoje abriga centenas de estudantes de oito cursos de graduação na área da Saúde - Medicina, Enfermagem, Odontologia, Educação Física, Farmácia, Psicologia, Biomedicina e do recém-aberto curso de Nutrição.
A estudante Milena Banaco, 24 anos, deixou a pequena Inúbia Paulista, na região do Alto Paulista, em São Paulo, para encontrar o caminho profissional no HUM. Ela está no último período da Residência Multiprofissional de Urgência e Emergência, já foi aluna da UEM, na graduação em Farmácia, que concluiu em 2023, e considera o HUM um espaço em que os mais experientes estão sempre ajudando quem está chegando agora.
A escolha pelo Hospital Universitário como casa foi guiada principalmente pela facilidade em aprender em conjunto, com profissionais de outras áreas, o que deixa o aprendizado mais rico, aponta. “Eu fiz ensino médio técnico em Farmácia, então tinha alguma noção antes de entrar no curso. A residência aqui me entusiasmou porque eu já havia sentido a experiência de atuar no HUM e gostado. Aqui é um lugar onde a gente se depara com casos muito complexos, graves, às vezes doenças que não são comuns. Isso enriquece bastante a atuação profissional”, considerou.
O mesmo sentimento é compartilhado pelo interno de Medicina Matheus Amorim, 23 anos. Natural de Mauá, na Região Metropolitana de São Paulo, o estudante avalia que a experiência do hospital-escola é muito diferente de outros modelos hospitalares, nos quais a atuação dos internos é, por vezes, restrita à observação dos casos. “Aqui, nós atuamos na prática, o que de cara é um choque bem grande, mas depois acostuma. É o que nos separa do ensino para a vida real”, apontou.
A boa relação entre os níveis hierárquicos - chefes, residentes e internos - numa instituição do porte do HUM também se mostrou um ponto de vantagem para o estudante. “Nós já temos contato enquanto estamos no 3º e 4º anos, mas é a partir do 5º que isso se aprofunda, quando nós passamos uma parte considerável do nosso tempo aqui, fazendo plantão etc. O aprendizado que nós temos juntos dos servidores, residentes e, também, das chefias é um diferencial importante”, avaliou.
O médico e a história
O professor e médico Paulo Donadio só não esteve na inauguração porque estava de férias no dia 20 de janeiro de 1989. Porém, meses antes, já havia participado como presidente de uma comissão para elaboração dos projetos de criação dos cursos de Medicina e Odontologia, solicitados à época pessoalmente pelo prefeito Said Ferreira. “Como eu era o único médico, à época ainda no Ambulatório da UEM, eu aceitei. O HUM foi criado como retaguarda para o curso de Medicina”, contou. Na época, a UEM já dispunha dos cursos de Farmácia e Bioquímica (depois desmembrado) e Enfermagem.
Nos dias atuais, Donadio atua como coordenador do Curso de Medicina e supervisor da Residência Médica em Reumatologia. Aos 73 anos, com 40 anos de UEM e 37 de Hospital Universitário, aguarda a aposentadoria, mas ainda sem planos de parar. “Enquanto eu estiver bem e com cabeça para isso, eu vou continuar. A cidade de Maringá não teria como chegar onde chegou se não fosse pelo Hospital Universitário. Foi uma tábua da salvação.”
Saiba mais sobre o HUM
Carrinhos elétricos para pacientes pediátricos do Centro Cirúrgico
Laboratório de Simulação Clínica
Câmeras de Vigilância
Tecnologia nas roupas e enxoval de pacientes e servidores
Sala de Ressonância e Central de Resíduos
Cuidados Paliativos
Nova UTI Móvel e 3 veículos
Bloco Industrial
Central de Resíduos
(Willian Fusaro/Comunicação Hospital Universitário)