A possibilidade de realizar a própria coleta do material para detecção do HPV está mudando a percepção de mulheres que evitavam o exame preventivo. É o caso de Roselene Tereza Mendes, zeladora, que não fazia o Papanicolau havia mais de quatro anos por vergonha e desconforto. Ao testar a autocoleta, sua experiência mudou. “Eu achei maravilhoso. Eu fiquei bem mais à vontade”, contou.
A autocoleta é uma das opções para obter material genético para o teste de biologia molecular por DNA, desenvolvido pelo Instituto de Biologia Molecular do Paraná, ligado à Fundação Oswaldo Cruz. A tecnologia é capaz de identificar até 14 tipos do HPV e, de acordo com as novas diretrizes do Ministério da Saúde, substituirá gradualmente o exame Papanicolau no rastreamento do câncer do colo do útero.
A autocoleta integra o Projeto Previna-se, coordenado pela professora Márcia Consolaro, do Departamento de Análises Clínicas e Biomedicina da Universidade Estadual de Maringá. O projeto estuda a aceitação e a efetividade dessa modalidade de coleta entre mulheres de diferentes regiões e grupos sociais.
A autocoleta é uma das opções para obter material genético para o teste de biologia molecular por DNA, desenvolvido pelo Instituto de Biologia Molecular do Paraná, ligado à Fundação Oswaldo Cruz. A tecnologia é capaz de identificar até 14 tipos do HPV e, de acordo com as novas diretrizes do Ministério da Saúde, substituirá gradualmente o exame Papanicolau no rastreamento do câncer do colo do útero.
A autocoleta integra o Projeto Previna-se, coordenado pela professora Márcia Consolaro, do Departamento de Análises Clínicas e Biomedicina da Universidade Estadual de Maringá. O projeto estuda a aceitação e a efetividade dessa modalidade de coleta entre mulheres de diferentes regiões e grupos sociais.
Consolaro é uma das 15 pessoas que compõem o grupo responsável pela elaboração das novas diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero, publicadas recentemente pelo Ministério da Saúde, e explica que o teste molecular oferece maior precisão e antecedência na detecção do vírus. “O teste detecta a presença do HPV antes mesmo de ele causar alterações nas células, enquanto o Papanicolau identifica células já modificadas. É um poder de prevenção muito maior”, afirma.
Pelas novas normas, quando o teste molecular tiver resultado negativo, a repetição será necessária apenas após cinco anos. Em caso positivo, a mulher será acompanhada por um ginecologista.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer, 90% das pessoas sexualmente ativas terão contato com o HPV ao longo da vida. O vírus é o principal causador do câncer do colo do útero, terceiro mais frequente entre mulheres no Brasil e responsável por cerca de 20 mortes por dia. A doença pode ser evitada, e o primeiro passo é realizar exames preventivos. Ainda assim, muitas mulheres ainda resistem em fazê-los por desconforto, desinformação ou barreiras culturais.
“Há um conjunto de fatores que influenciam essa decisão. Ela acha desconfortável, tem preconceito, não gosta, às vezes é um homem que vai coletar e ela não quer um homem manipulando suas áreas íntimas. Há situações em que o marido não deixa, a igreja não deixa ou ela tem medo de receber um diagnóstico. A mensagem que ficou para muitas mulheres é deturpada, porque esses exames são para prevenção, para não ter câncer”, esclarece Consolaro.
A expectativa é de que a autocoleta ajude a aumentar a adesão ao rastreamento. Dados do Projeto Previna-se, financiado pelo Ministério da Saúde, demonstram alta aceitação do método. A primeira etapa, entre 2013 e 2016, contou com apoio do National Institutes of Health, dos Estados Unidos, e envolveu 485 mulheres em Maringá. Entre 2020 e 2025, o estudo foi ampliado para 14 cidades brasileiras, em 11 estados e no Distrito Federal, com a participação de 1.600 mulheres. Na fase atual, a autocoleta é aplicada em um grupo de 600 mulheres negras, considerado o de maior incidência e mortalidade por câncer do colo do útero.
A previsão do Ministério da Saúde é de que o teste molecular e a autocoleta estejam disponíveis no Sistema Único de Saúde até dezembro de 2026. Até lá, a recomendação é que todas as mulheres continuem realizando o exame Papanicolau. “Enquanto isso, não deixem de fazer a prevenção. Qualquer metodologia disponível deve ser utilizada. Esses exames não são para dizer que você tem câncer, mas para evitar que ele se desenvolva. A prevenção é fundamental”, reforça Consolaro.
(Adriana Cardoso/Comunicação UEM)