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Presidente Rodolfo Landim concede entrevista à FlaTV
02/04/2020 09:49 em Futebol

Em entrevista à FlaTV na noite da última terça-feira (31), o presidente Rodolfo Landim falou sobre vários temas relacionados ao Flamengo e de como o clube está enfrentando a pandemia  do coronavírus. No bate-papo, o dirigente abordou assuntos como calendário, time profissional, esportes olímpicos, dentre outros. O Site Oficial separa a entrevista em duas partes para que a Nação possa acompanhar em detalhes.

 

Tempo em casa

 

"Vamos tentando trabalhar usando as ferramentas das quais  dispomos hoje em dia, fazendo videoconferências, procurando evitar ao máximo ir ao clube. Ainda tenho que ir em casos muito excepcionais. Tentando aproveitar também o convívio com a minha família, fazendo três refeições com eles, o que não é muito comum normalmente. Separo sempre também um tempo de lazer. Estamos fazendo uma sessão de cinema por dia e tentando praticar um pouco de exercício em casa"

 

Coronavírus

 

"Ficamos sempre atentos ao que as autoridades estão falando, pois é importante para planejarmos os próximos passos do clube. Estamos preocupados com todo esse processo, com os impactos que isso vai ter. Mas temos a expectativa de que isso seja resolvido rapidamente, com esses testes e medicamentos. Que venha de fato dar resultado essa infraestrutura que está sendo montada pelo governo"

 

 

Paralisação e calendário do futebol brasileiro

 

"Estamos com um nível de preocupação muito grande. Fizemos uma paralisação. Realizamos também uma reunião com os outros clubes sobre como o calendário será tratado.Todos concordaram em colocar todos os atletas de férias a partir de  1º de abril.  Eles são atletas de alto nível e que vão precisar de um tempo mínimo de treinamento para que os jogos possam recomeçar.  Estamos com a expectativa  de  que a  gente volte no início de maio. Já hoje tivemos a Conmebol pedindo para adiar o reinício dos jogos em função do problema das fronteiras, pois ainda existem bloqueios. Então estamos tentando e o ideal é que a gente aproveite essas datas para que possamos terminar o Carioca. Esse é o grande desafio que teremos, de conseguir datas para que terminem todos os campeonatos até o fim do ano. Já existe um acordo com os clubes da Série A de que terminaremos os campeonatos até o dia 31 de janeiro"

 

Férias dos atletas

 

"Quando colocamos os atletas em inatividade, passamos pra eles uma série de exercícios para que eles possam continuar praticando em casa. Quando eles voltarem, estarão perto da forma que eles estavam quando pararam suas atividades. Isso tudo tem sido acompanhado com os médicos, fisioterapeutas, preparadores físicos, pois conhecem cada um dos jogadores, o histórico deles. Existem exercícios específicos que foram encaminhados para cada um deles. Quando eles voltarem, que possam readquirir a forma o mais rapidamente  possível" 

 

Visita ao Real Madrid

 

Estivemos no Real Madrid, no Barcelona e a agenda foi distinta. O maior foco no Real foi  saber como eles estavam estruturados na área de marketing e como se dá a relação com a torcida. Procuramos saber como eles trabalham com sócio-torcedor, sócios normais, os abonados (que tem espaço cativo no estádio), um pouco diferente do que temos aqui. E eles tem uma categoria lá que é o madridista, que tem como objetivo ser um canal de conteúdo para os torcedores. Cada vez mais vamos procurar fazer isso no Flamengo, de gerar conteúdo próprio para os nossos torcedores. 

 

Visita ao Barcelona

 

"No Barcelona, o que procuramos foi mais no futebol propriamente, mas  também conhecemos  a forma que eles se relacionam com a torcida, de  distribuição de produtos, como fidelizam os torcedores. Verificamos como eles fazem a estrutura do futebol e possuem várias semelhanças conosco.  Falo desde a época em campanha e uma das coisas que a gente prometia é fazer com que o Flamengo voltasse a jogar da forma como a torcida queria, propondo o jogo, não interessando se fosse no Maracanã ou na casa do adversário. E essa é a cultura do Barcelona, que eles empregam desde a base. O Barcelona não se preocupa tanto na base em ganhar títulos, mas a maior preocupação é da base ser formadora de atletas"

 

Relatório financeiro

 

"Eu convido a todos a procurarem saber, mesmo quem não tem muito conhecimento, mas que pelo menos leiam a parte inicial do relatório, onde  fazemos um resumo das nossas atividades. Basicamente tivemos um ano  muito bom, uma grande receita em 2019. Em  grande parte ela foi superior ao que estava esperado em função das premiações. Quando fizemos os orçamentos, não esperávamos vencer tantos  torneios como vencemos.  Boa parte dessa  premiação foi  devolvida ao nosso departamento técnico e nossos  jogadores. E foi uma diferença de filosofia, pois deixamos claro pros atletas que a gente queria vencer os campeonatos. Tivemos uma premiação bastante agressiva.  Esse é um  problema  bom  pra se ter.  Ganhamos no futebol, no basquete, no remo. Foi um ano excepcional econômica e esportivamente"

 

Maracanã 

 

"Tivemos 20 jogos no Maracanã esse ano, do Flamengo, do Fluminense e do Vasco. E o Vasco teria até mandato mais se não tivesse um jogo de basquete no Maracanãzinho na mesma data, o que impediu que o jogo fosse no Maracanã. Pelo lado do gramado, estava em estado bastante sofrido. E agora a gente está em processo de recuperação do gramado. O Maracanã foi disponibilizado para ser um hospital de campanha para o coronavírus, mas a decisão que foi tomada pelas autoridades é que a área escolhida foi na realidade o antigo estádio de atletismo Célio de Barros. Esse estádio foi destruído e é uma área bastante grande e ampla. Pelas informações que tenho, foi o local escolhido para a instalação desse hospital. Talvez a gente tenha que ceder uma coisa ou outra do Maracanã, mas a percepção de quem opera o Maracanã é de que isso não irá inviabilizar que a gente volte a jogar no estádio quando voltarmos" 

 

 

 

Confira a parte 2 da entrevista do presidente Rodolfo Landim à FlaTV

 

Em entrevista à FlaTV na noite da última terça-feira (31), o presidente Rodolfo Landim falou sobre vários temas em relação ao Flamengo e de como o clube está passando por esse momento de pandemia do coronavírus.  Confira a parte 2!

 

Renovação de Jorge Jesus

 

"Essa é a pergunta que todo muito faz. As informações já são de conhecimento público. Já vínhamos conversando com ele e teve essa paralisação por conta do coronavírus. O Jesus voltou para Portugal. Deve retornar ao Brasil no final do período de férias e a gente vai voltar a conversar. Ele já declarou publicamente que quer continuar no Flamengo e está feliz aqui. Nós estamos felizes com ele e queremos que ele continue.  A tendência natural é que isso ocorra e a gente espera que esse casamento continue por muito tempo. Nossa discussão e nosso desejo em relação a ele é estender o contrato até final de 2021, que é o período que essa diretoria vai ficar na frente do Flamengo"

 

Influência na contratação de Filipe Luís

 

"Eu imagino que não tive tanta influência. O Filipe Luís já tinha sido selecionado pelo nosso grupo de scout como um potencial grande reforço. O primeiro trabalho foi de seleção do nosso grupo, com a supervisão do comitê do futebol. De fato eu não o conhecia pessoalmente até a Copa América. Nessa competição eu fui convidado para ser chefe da delegação do Brasil e lá eu tive contato com ele. Não demorou para eu notar que ele é um grande jogador, com muita qualidade técnica. Ele reúne algumas qualidades que são muito importantes. A forma como ele se dedica, sua vontade de ganhar, não gosta de perder nem par ou ímpar. Ele adora disputar e está focado em vencer. O exemplo que eu via no vestiário, era a de um atleta profissional. Quando  terminava um jogo da Seleção, chamava o fisioterapeuta e pedia para trabalhar as pernas dele para o próximo jogo. Isso é um exemplo de profissional que acaba contagiando todo o grupo. Fiquei muito impressionado em todos os aspectos em relação a ele. Mas, às vezes, no meio da conversa, e muito puxado pelo Paquetá, começaram as brincadeiras dos jogadores. Aí, quando tinha uma brincadeira, a gente chegava e entrava na brincadeira e botava lenha na fogueira. De fato queríamos estimular o interesse dele de jogar no Flamengo. Foi algo que eu procurei nas conversas com ele, de tentar demonstrar como era bom o clube, os planos e a nossa vontade de ganhar os campeonatos. Quando a gente paralisou, estávamos atrás no Brasileiro. Ele ficou motivado  com nosso projeto. A decisão dele também foi embasada em outras coisas, na boa relação que ele tinha com com algumas pessoas, da esposa dele. Ele é muito família e bastante preocupado com a adaptação. Então ele comentava isso comigo que a esposa deveria participar.  Por isso queríamos criar um ambiente favorável"

 

Impacto financeiro do coronavírus

 

"Vamos sofrer impacto. O mundo inteiro não vai sair dessa situação da mesma forma. As indústrias e empregadores  também vão passar dificuldade. Tudo vai depender muito do período de paralisação.Temos que manter a expectativa de voltar o mais rápido possível para as atividades. Se a parada for pequena e encaixarmos nas datas disponíveis todos os jogos dos campeonatos, eu diria que o impacto vai ser menor. Se for maior o impacto no calendário, ai teremos um prejuízo bem grande. Estamos avaliando diariamente todas as informações e traçando estratégias e medidas que a gente vai ter que tomar"

 

Projeto para os esportes olímpicos

 

"Existem sim. Por exemplo, acabamos de ascender no vôlei feminino para a Superliga. Nós estamos com um projeto bastante interessante para o próximo ano. O fluxo de caixa vai passar a ser algo muito importante para essa melhoria significativa. Existem continuidade de investimentos em uma série de outros esportes olímpicos. Já vimos o desempenho que tivemos ano passado no remo, no basquete. Continuamos investindo bastante no judô, na canoagem, na ginástica, na natação. Agora estamos com as duas piscinas funcionando a toda carga. Impressionante o número de atletas que temos no Flamengo. No médio a longo prazo teremos grandes resultados. O Flamengo está se estruturando e naturalmente isso impacta não só o futebol, mas todos os esportes olímpicos. Os resultados já estão chegando e imagino que vão continuar"

 

Adequação ao calendário europeu

 

"Em relação ao calendário, pra mim o Flamengo defende que seja mantido como ele está. Entendemos que a fórmula de pontos corridos foi como os clubes venderam para as televisões. Essa é uma receita muito importante e temos que manter o calendário dessa forma e sem afetar o número de jogos que foram previstos. Por isso que defendemos a preservação do calendário 2020. Com relação à adequação ao calendário europeu, isso causaria um grande problema econômico para clubes. Teríamos que estender até o meio do ano que vem as receitas dos clubes. As receitas que nós teríamos de televisão certamente seriam empurradas para o próximo ano também e, consequentemente, isso causaria um impacto enorme nos clubes. E estamos esperando que elas entrem normalmente até dezembro para pagar todos  os nossos  compromissos e não ter um impacto muito grande"

 

Pagamentos durante paralisação

 

"O Flamengo honra seus compromissos, paga em dia. A gente  traça cenários e dentro deles estudamos as formas de continuar honrando os compromissos da forma que estamos fazendo. Esse cenário não controlamos, pois, por exemplo, se tivermos uma paralisação muito longa, alguma coisa deverá ser feita. Nenhum clube teria condições de manter o pagamento integral de todos os jogadores"

 

Influência para torcer pelo Flamengo

 

"Minha grande influência pra torcer pro Flamengo foi meu avô materno. Eu tive que passar um período da minha vida com ele, pois meu irmão estava doente e minha mãe teve que cuidar muito bem dele. E nisso eu criei uma relação muito forte com meu avô e, por essa relação, eu acabei me tornando rubro-negro.  Meu pai era e meus dois irmãos são tricolores. Foi através dele e posteriormente do meu tio, que era um sócio do Flamengo, que passei a frequentar muito o Maracanã com ele"

 

Jogos mais marcantes

 

"O pessoal de casa brinca de como minha memória é seletiva, pois lembro de jogos e gols muito antigos. Meu primeiro jogo no Maracanã, foi a final do carioca de 63, que eu fui com meu pai na torcida do Fluminense. Eu já torcida pelo Flamengo desde os quatro anos. Meu avô foi remador do Flamengo e eu sempre assistia às regatas. Foi no remo que comecei a torcer pelo clube. Antes até do futebol. E eu disse ao meu pai que queria só estar do outro lado torcendo, mas estava do lado do Fluminense. Foi interessante. Naquela época não tinha tanto problema. Eu estava vestido com a camisa do Flamengo na torcida do Fluminense. Me marcaram ainda a final de 80, depois a do outro Brasileiro que ganhamos do Santos, e também o contra o Internacional. Tantos jogos importantes. Finais da Copa do Brasil de 2006, de 2013. Esse ano de 2019 foi muito especial. Essa Libertadores foi com requintes, com aquela virada no final. Pra mim foi o jogo mais espetacular da minha vida. Eu vibrei em 81, fui pro Baixo Leblon com meu tio, mas essa final em Lima, até pela posição que estou ocupando hoje, foi a partida mais especial da minha vida"

 

Comemoração do título da Libertadores

 

"Na tribuna, tinha um representante do Flamengo, do River Plate, da CBF, da AFA, o presidente da Conmebol e o presidente do Peru. Ficaríamos numa área  reservada. Tinha todo um protocolo a cumprir e eu pedi ao Dr Walter Feldman,  secretário da CBF, para representar o clube, já que era o chefe da delegação. Eu passei a minha vida esperando para ver uma final da Libertadores e queria ver na arquibancada. Eu me imaginando de terno e gravata, tendo que ficar comportado ia ser muito difícil.  Eu cumpri o  protocolo  inteiro e depois me dirigi ao presidente da  Conmebol: "Eu peço desculpa, mas ele é o chefe  da delegação, ele vai acompanhá-lo. E eu vou assistir na arquibancada". Eu já tinha deixado no vestiário uma calça e uma camisa para trocar. Na hora eu tive esperança o tempo  todo que poderíamos virar o jogo, confiava bastante de pelo menos empatar e ir pra prorrogação. Na hora dos gols, eu estava cercado e no primeiro eu levantei com  meus filhos e eu cantei em "Dezembro de 81". Ai o Diego lança aquela bola, o meu filho, que tem minha altura, estava com braço no meu ombro. Na hora do gol eu quase perdi o equilíbrio. Uma festa  sensacional. Como foi acertada minha decisão. O Walter me disse que quando chegou os 40 minutos, teve que descer da tribuna e aconteceu o gol de empate. Eles então retornaram e o gol da virada aconteceu no caminho. Ou seja, se eu tivesse lá, não teria visto nenhum dos gols. Foi a decisão mais acertada que pude ter"

 

Saudades do Flamengo

 

"Eu e umas 42 milhões de pessoas estamos saudosos de ver o Flamengo jogar. O problema do coronavírus é muito sério. E veio  numa hora esportivamente muito ruim. Estávamos engrenando uma sequência de jogos muito positivos. Mas é isso. Vamos torcer para que isso acabe rápido e que a gente volte a torcer pelo Flamengo"

 

Sonho 

 

"Eu sonho muito alto. Desde sempre queríamos que o Flamengo chegasse ao topo do mundo. É claro que tem muita coisa que precisa melhorar. É muito difícil a gente imaginar um campeonato, que não é visto fora do Brasil, e isso afeta a capacidade de investimento, e saber  o que poderíamos almejar. Vemos o Flamengo como um conteúdo muito importante. Vamos tentar, cada vez mais, criar conteúdo, usando essas plataformas digitais, com o desafio de transformar isso em um grande negócio, para que a gente possa ter uma receita bastante elevada. Que permita não só  chegarmos em outro patamar, mas também nos manter nesse lugar. Nós todos passamos, mas é o legado que queremos deixar. O Flamengo é uma paixão louca. Somos do tamanho de diversas Nação da Europa, por exemplo"

 

Recado pra Nação

 

"Estamos passando por um momento difícil. Vamos continuar seguindo as orientações das autoridades, colaborando dentro do possível para que isso possa terminar da forma mais rápida. Que Deus abençoe a família de todos, para que possamos estar reunidos de novo e torcendo pelo nosso Flamengo" 

 

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