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UEM amplia cooperação internacional em pesquisas sobre plantas invasoras
Por Administrador
Publicado em 19/10/2025 06:07
Notícias de Maringá

As plantas aquáticas invasoras estão entre as principais ameaças silenciosas aos ecossistemas de água doce. De aparência inofensiva, elas se espalham com rapidez, formam tapetes densos sobre rios, lagos e lagoas, bloqueiam a luz solar, reduzem o oxigênio e sufocam espécies nativas. O resultado é um desequilíbrio ecológico que afeta não apenas a biodiversidade, mas também atividades humanas como a pesca, o turismo e o abastecimento de água.

A Universidade Estadual de Maringá (UEM) participa de duas pesquisas internacionais voltadas à compreensão e ao controle das espécies exóticas invasoras. Financiadas pela Comissão Europeia, as iniciativas unem instituições da Itália, Canadá, Portugal, Áustria, Bélgica, Croácia, Romênia e do Brasil, em uma parceria estratégica em estudos ambientais de alcance global.

O primeiro projeto, “Prevendo a diversidade funcional de plantas aquáticas exóticas invasoras”, tem como meta entender como essas plantas se adaptam a diferentes ambientes e prever seu potencial de dispersão. A proposta é supervisionada pelo professor Rossano Bolpagni, da Università degli Studi di Parma (Itália), em parceria com Lars Iversen, da McGill University (Canadá), e com os professores Sidinei Magela Thomaz e Roger Paulo Mormul, do Departamento de Biologia da UEM.

A pesquisa, desenvolvida pela doutoranda Alice Dalla Vecchia, inclui trabalhos de campo e experimentos laboratoriais realizados na Itália, no Canadá e no Brasil. Em outubro, Alice chegou ao país acompanhada por três integrantes de sua equipe — Giulia Rossi, graduanda; Sara Bianchi, mestranda; e Alessandro Cicciarella, doutorando da Universidade de Parma — para iniciar a etapa brasileira do estudo.

As atividades no Brasil contam com o apoio do Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aquicultura (Nupélia) e do Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais (PEA), ambos da UEM. Parte dos experimentos será realizada na base do Nupélia, em Porto Rico (PR), e em reservatórios de hidrelétricas, com a colaboração da bióloga Aline Rosado e do técnico Valmir Alves Teixeira.

Segundo Roger Paulo Mormul, as plantas invasoras representam uma ameaça crescente. “Elas entopem os cursos d’água, expulsam espécies nativas e comprometem a integridade desses ecossistemas. Isso afeta diretamente os serviços que a água doce nos oferece, como o lazer, a pesca e o consumo humano”, explica.

Com duração de três anos, o projeto adota ainda uma vertente de Ciência Cidadã, que estimula a participação da comunidade no monitoramento das espécies. “As descobertas não ficarão restritas aos laboratórios. Pretendemos desenvolver ferramentas de alerta precoce que auxiliem na tomada de decisões e na implementação de medidas preventivas eficazes”, complementa Mormul.

Além do estudo sobre plantas aquáticas, a UEM é a única instituição brasileira integrante do consórcio internacional BUILDERS – Building Resilience Through Citizen Science-Driven Approaches to Invasive Species, ou “Construindo Resiliência Através de Abordagens Impulsionadas pela Ciência Cidadã para Espécies Invasoras”.

O projeto reúne sete parceiros acadêmicos e quatro não acadêmicos, com sede na Universidade de Parma e participação de países como Itália, Portugal, Áustria, Bélgica, Croácia, Romênia e Brasil. Financiado pelo programa Marie Skłodowska-Curie Actions (MSCA), dentro do Horizon Europe, o BUILDERS dispõe de um investimento de € 716.430,00 (aproximadamente R$ 4,5 milhões).

“O projeto tem a ambição de transformar a maneira como lidamos com as espécies invasoras, superando barreiras de conhecimento que dificultam seu controle”, destaca Mormul, coordenador da iniciativa no Brasil. 

Embora a UEM não receba recursos financeiros diretos, o investimento será utilizado em intercâmbios científicos. Nos próximos quatro anos, cerca de 20 pesquisadores europeus virão à instituição para desenvolver atividades no Nupélia e no PEA, fortalecendo o intercâmbio de ideias e a formação de jovens cientistas. 

O BUILDERS combina três eixos centrais: Ciência Cidadã, para incentivar o envolvimento da sociedade no monitoramento ambiental; Comportamento Animal, que investiga como espécies invasoras se movem e interagem com novos ecossistemas; Monitoramento Biológico, voltado ao acompanhamento contínuo dos efeitos das invasões sobre os habitats naturais.

Coordenado pela professora Cristina Castracani, da Universidade de Parma, e com início previsto para 1º de novembro, o projeto seguirá até outubro de 2029, ampliando a rede global de cooperação científica em defesa da biodiversidade.

Os resultados dessas pesquisas podem orientar políticas públicas, planos de manejo e estratégias internacionais de prevenção, além de promover novas formas de cooperação entre cientistas e comunidades locais. Ao unir tecnologia, observação ecológica e participação cidadã, essas iniciativas criam as bases para uma gestão global mais inteligente e sustentável dos ecossistemas aquáticos. 

(Adriana Cardoso/Comunicação UEM)

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